CINCO ESCLARECIMENTOS SOBRE
AGROTÓXICOS, ALIMENTOS ORGÂNICOS E AGROECOLÓGICOS.
27 de janeiro
2012.
Na primeira semana de 2012, veículos da mídia de grande
circulação divulgaram informações parciais e incorretas sobre o uso de
pesticidas nos alimentos.
Nós, da Campanha Permanente Contra os
Agrotóxicos e Pela Vida, contestamos essas informações e, com base no
conhecimento de diversos cientistas, agrônomos, produtores e distribuidores de
alimentos orgânicos, aproveitamos essa oportunidade para dialogar com a
sociedade e apresentar nossos argumentos a favor dos alimentos sem
venenos.
1 - O nome correto é agrotóxico ou pesticida e não “defensivo
agrícola”.
Como afirma a engenheira agrônoma Flavia Londres: “A própria
legislação sobre a matéria refere-se aos produtos como agrotóxicos.”
E o
engenheiro agrônomo Eduardo Ribas Amaral complementa: “Mundialmente o termo
utilizado é ‘pesticida’. Não conheço outro país que adote o termo ‘defensivo
agrícola”.
2 - O nível de resíduos químicos contido nos alimentos
comercializados no Brasil é muito preocupante e requer providências imediatas
devido aos sérios impactos que gera na saúde da população.
Voltamos a
palavra à engenheira agrônoma Flavia Londres: “A revista se propõe a
tranquilizar a população, certamente alarmada pelo conhecimento dos níveis de
contaminação da comida que põe à mesa. Os entrevistados na matéria são
conhecidos defensores dos venenos agrícolas, alguns dos quais com atuação direta
junto a indústrias do ramo. Os limites ‘aceitáveis’ no Brasil são em geral
superiores àqueles permitidos na Europa – isso pra não dizer que aqui ainda se
usam produtos já proibidos em quase todo o mundo”.
O engenheiro agrônomo
Eduardo Ribas Amaral nos traz outra informação igualmente importante: “A matéria
induz o leitor a acreditar que não há uso indiscriminado de agrotóxicos no país,
quando a realidade é de um grande descontrole na aplicação desses produtos, fato
indicado pelo censo do IBGE de 2006 e normalmente constatado a campo por
técnicos da extensão rural e por fiscais responsáveis pelo controle do comércio
de agrotóxicos”.
3 - Agrotóxicos fazem muito mal à saúde e há estudos
científicos importantes que demonstram esse fato.
Com a palavra a Profª
Dra. Raquel Rigotto, da faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará:
“No Brasil, há mais de mil produtos comerciais de agrotóxicos diferentes, que
são elaborados a partir de 450 ingredientes ativos, aproximadamente. Os
agrotóxicos têm dois grandes grupos de impactos sobre a saúde. O primeiro é o
das intoxicações agudas, aquelas que acontecem logo após a exposição ao
agrotóxico, de período curto, mas de concentração elevada. O segundo grande
grupo de impactos dos agrotóxicos sobre a saúde é o dos chamados efeitos
crônicos, que são muito ampliados. Temos o que se chama de interferentes
endócrinos, que é o fato de alguns agrotóxicos conseguirem se comportar como se
fossem o hormônio feminino ou masculino dentro do nosso corpo; enganam os
receptores das células para que aceitem uma mensagem deles. Com isso, se
desencadeia uma série de alterações – inclusive má formação congênita; e hoje
está provado que pode ter a ver com esses interferentes endócrinos. Pode ter a
ver com os cânceres de tireóide, pois implica no metabolismo. E cada vez temos
visto mais câncer de tireóide em jovens. Pode ter a ver com câncer de mama. E
também leucemias, nos linfomas. Tem alguns agrotóxicos que já são
comprovadamente carcinogênicos.Também existem problemas hepáticos relacionados
aos agrotóxicos. A maioria deles é metabolizada no fígado, que é como o
laboratório químico do nosso corpo. E há também um grupo importante de
alterações neurocomportamentais relacionadas aos agrotóxicos, que vão desde a
hiperatividade em crianças até o suicídio.”
De acordo com o
relatório final aprovado na subcomissão da Câmara dos Deputados que analisa o
impacto dos agrotóxicos no país (criada no âmbito da Comissão de Seguridade
Social e Saúde), há realmente uma “forte correlação” entre o aumento da
incidência de câncer e o uso desses produtos. O trabalho aponta situações reais
observadas em cidades brasileiras. Em Unaí (MG), por exemplo, cidade com alta
concentração do agronegócio, há ocorrências de 1.260 novos casos da doença por
ano para cada 100 mil habitantes, quando a incidência média mundial encontra-se
em 600 casos por 100 mil habitantes no mesmo período.
Como afirma o relator,
deputado Padre João (PT-MG), “Diversos estudos científicos indicam estreita
associação entre a exposição a agrotóxicos e o surgimento de diferentes tipos de
tumores malignos. Eu concluo o relatório não tendo dúvida nenhuma do nexo causal
do agrotóxico com uma série de doenças, inclusive o câncer”, sustenta. Fonte:
Globo Rural On-line, 30/11/2011.
4 - Não é possível eliminar os
agrotóxicos lavando ou descascando os alimentos já que eles se infiltram no
interior da planta e na polpa dos alimentos.
A única maneira de ficar
livre dos agrotóxicos é consumir alimentos orgânicos e agroecológicos. Não
adianta lavar os alimentos contaminados com agrotóxicos com água e sabão ou
mergulhá-los em solução de água sanitária ou, mesmo, cozinhá-los. Os resíduos do
veneno continuarão presentes e serão ingeridos durante as refeições.
Além
disso é importante lembrar que o uso exagerado de agrotóxicos também faz com que
estes resíduos estejam presentes nos alimentos já industrializados, portanto, a
melhor forma de não consumir alimentos contaminados com agrotóxicos, é eliminar
a sua utilização
5 - Os orgânicos não apresentam riscos maiores de
intoxicação por bactérias, como a salmonela e a Escherichia coli.
Segundo
a engenheira agrônoma Flávia Londres: “Ao contrário dos resíduos de agrotóxicos,
esses patógenos– que também ocorrem nos alimentos produzidos com agrotóxicos –
podem ser eliminados com a velha e boa lavagem ou com o simples
cozimento”.
A Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida
recomenda o documentário “O Veneno está na Mesa”, de Silvio Tendler, totalmente
disponível no site da campanha (www.contraosagrotoxicos.org) bem como todos os
materiais disponíveis na página.
Obs.: E-mail enviado a mim por Isabel da Silva participante da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida.
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