domingo, 13 de dezembro de 2015

Curso de Bioconstrução no Corredor dos Munhos

Aula teórica com João Rockett
A Comunidade Quilombola Corredor dos Munhos recebeu nos dias 09, 10 e 11 de dezembro, 18 pessoas integrantes do Curso de Formação de Multiplicadores em Permacultura - Projeto Pampa, coordenado pelo Instituto de Permacultura do Pampa - IPEP e pela Fundação Luterana de Diaconia - FLD, onde foi realizado o Módulo de Bioconstrução.

A turma formada por agricultores familiares, pecuaristas familiares, assentados da reforma agrária e integrantes das Comunidade Quilombolas Rincão da Chirca de Rosário do Sul e Rincão dos Fernandes de Uruguaiana puderam trocar conhecimentos sobre construção com terra e outros materiais locais como madeira, chirca, capim, palha, areia, entre outros.

Conforme o Coordenador do IPEP, João Rockett, quanto mais ao norte do Estado encontram-se as casas de pau-a-pique pela fartura da madeira e terra, enquanto na Fronteira-Oeste é mais fácil encontrar casas de torrão pela quantidade de terra argilosa nas várzeas. "Aqui, no Quilombo Corredor dos Munhos encontramos os dois tipos de construção, até na mesma casa", observou Rockett.

Atividade foi registrada em vídeo pelo Coletivo Catarse
Durante o Curso foi construído um dormitório com cobertura de Capim Santa Fé do Tipo Escova e do Tipo Escadinha e com paredes de pau-a-pique com os materiais disponíveis na comunidade. "Para a comunidade este tipo de ação ajuda a melhorar os processos construtivos, usando novas técnicas que ajudam dar um melhor acabamento nas moradias, ao mesmo tempo em que resgatamos os conhecimentos tradicionais de construção." Afirmou, Amilton Camargo, Coordenador da Comunidade Quilombola Corredor dos Munhós.
 
Ronaldo mostra Pau-a-Pique com Galhos de Pitangueira

 



Telhado de Capim
Reboco com terra

Sovando o barro...
Casa quase pronta




Fotos: Corredor dos Munhos e IPEP

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Quilombola Corredor dos Munhos recebe visita da FLD

Foto: Vital Moreira
A Fundação Luterana de Diaconia - FLD esteve hoje, dia 31 de agosto, na Comunidade Quilombola Corredor dos Munhos. A equipe formada pela Coordenadora Programática da FLD, Juliana Mazurana e as Assessoras de Projeto Graziella Emmert e Julia Witt apresentou o trabalho da entidade e também foi apresentado o trabalho de organização da comunidade quilombola.

Após a abertura da reunião, a Equipe da FLD questionou sobre a execução do Projeto Vida Nova no Quilombo, apoiado pela entidade, que prevê a aquisição de equipamentos agrícolas, oficinas sobre produção agroecológica e acesso a mercado para a geração de renda na comunidade quilombola.

A Reunião foi acompanhada pelo Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, João Rui Dias Nunes e a Extensionista Rural da Emater Nitiele Rigola, representando as entidades que apoiadoras do projeto, bem como moradores e colaboradores da comunidade.


A FLD tem como objetivo apoiar e acompanhar programas e projetos de grupos organizados da sociedade civil que fortaleçam o protagonismo das pessoas e suas comunidades, promovendo qualidade de vida, cidadania e justiça social.
Foto: Tainara Marques
Foto: Amilton Camargo

terça-feira, 4 de agosto de 2015

FLD apóia Projeto de Inclusão Produtiva da Comunidade

A Fundação Luterana de Diaconia está dando apoio técnico e financeiro ao Projeto Vida Nova no Quilombo, que possibilitará as famílias da Comunidade Quilombola Corredor dos Munhos, fortalecer a produção de produtos hortícolas e frutas para inclusão na Feira Local e nos Mercados Institucionais.


O Coordenador da Comunidade, Amilton Camargo, acredita que o apoio da FLD vai ajudar não só na questão da produção, mas também na auto-estima das famílias. "Não é somente uma questão de melhorar a renda, é também um incentivo para as famílias olharem as potencialidades de cada lote." comentou Camargo.

O projeto apoiará as unidades para fazerem a produção resgatando a sabedoria dos antigos, usando sementes crioulas e com base agroecológica.

A FLD tem como missão: "apoiar e acompanhar programas e projetos de grupos organizados da sociedade civil que fortaleçam o protagonismo das pessoas e suas comunidades, promovendo qualidade de vida, cidadania e justiça social".

sábado, 18 de julho de 2015

Comunidade participa da EXPO ALTO CAMAQUÃ 2015



A Associação Comunitária Quilombo Corredor dos Munhós esteve participando da Expo Alto Camaquã 2015 que ocorreu no Centro Administrativo da Prefeitura Municipal de Bagé nos dias 10 a 12 de julho de 2015.

O evento é uma mostra das potencialidades econômicas e turísticas da região da parte mais alto do Rio camaquã, no Bioma Pampa, denominada Alto Camaquã.
A Associação apresentou os seguintes produtos: Cucas Caseiras com Recheios de Marmelada e Perada, Mel, Rapadurinha de Abóbora, Rosquinhas Caseiras e Artesanato em Lã.

O Presidente da Associação, Amilton Camargo, falou que a comunidade tem muitas potencialidades, inclusive turísticas que devem ser aprimoradas para apresentação para o público. " Nossa dificuldade com os alimentos é que precisamos de uma cozinha estruturada dentro dos padrões da legislação sanitária e ambiental para poder comercializar."
A Comunidade Corredor dos Munhós é um dos membros ativos da Rede de Produtores do Alto Camaquã - ReAC.


Cucas com doces típicos, pão de rolão, rapadura de abóbora, rosquisnhas e mel

terça-feira, 24 de março de 2015

Chega de Chorar...É hora de trabalhar

Foto: EMATER
Nossa Comunidade surgiu a partir da "abolição" da escravatura, recebendo o sobrenome de nossos antigos donos, a Família Munhoz de Camargo.

Vivemos, hoje em 07 famílias, em uma área de 40ha de terra, na Localidade da Mantiqueira em Lavras do Sul/RS.

Não temos conflito de terra, mas buscamos o reconhecimento enquanto comunidade quilombola por nossas raízes culturais e históricas e também para termos acesso ás políticas públicas governamentais para o público quilombola.

Em 2012 fundamos a Associação Comunitária Quilombo Corredor dos Munhós, com o objetivo de representar a comunidade e termos formalidade para atuar em projetos rurais.

Em 25 de outubro de 2013 recebemos o Reconhecimento da Fundação Cultural Palmares, como Comunidade Quilombola.

Ainda assim persiste a pobreza, as diferenças sociais e a dificuldade de acessar as políticas públicas da agricultura familiar.

Reclamamos muito, mas agora vamos trabalhar e vamos precisar de 100 investidores sociais pra nos ajudar a tocar nossos projetos de geração de trabalho e renda.

Investidores sociais são aqueles que disponibilizam recursos que podem transformar a vida de pessoas, gerando fortalecimento econômico e organização social com baixo impacto ambiental.

Chegou a hora de arregaçar as mangas e trabalhar por uma vida melhor no campo.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

As pequenas comunidades rurais...

Nossa região é caracterizada por propriedades individuais que entremeam médias e grandes propriedades, há poucas comunidades rurais, com escola, igreja, cancha de bocha/carreira, campo de futebol, etc.

No entanto há as pequenas comunidades rurais formadas por 4, 5 até 10 famílias, que possuem um vínculo importante pois trocam serviço, trocam produtos e mantém acesa a chama do que chamamos de comunidade, ou seja, um grupo de pessoas que possui relações próximas do ponto de vista econômico e social.

As políticas públicas geralmente são desenhadas para atingir o maior público possível, então essas regiões onde há pequenas comunidades isoladas ficam alijadas do acesso a essas políticas.

Um exemplo muito comum são as estradas. Se a estrada beneficia um número grande de famílias de pequenos proprietários ou algumas propriedades maiores ela recebe mais investimentos do que uma estrada que serve a poucas famílias.

Na nossa comunidade basta realizar um serviço de 01 dia para que a estrada fique boa por muitos anos. Basta cascalhar 02 trechos com menos de 50 metros cada e colocar 02 bueiros. E já são vários pedidos junto a Prefeitura Municipal e ainda não saiu, com o argumento de que a comunidade possui poucas famílias.

No acesso à água ocorre a mesma coisa, foram vários projetos e até hoje nenhum saiu do papel. Nem um projeto específico para as comunidades quilombolas não saiu do papel e algumas famílias precisam de água urgente, tanto no Corredor dos Munhos como na Vila dos Corvos.

Vamos precisar somar forças pra que as pequenas comunidades não desapareçam.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Opinião: Conflitos de Terra em Lavras?

Todo mundo nos conhece do Quilombo Corredor dos Munhos, aqui de Lavras do Sul. Somos descendentes da Vó Chica escrava antiga que originou aquele núcleo. Somos filhos do Tio Abedão, do Ademar, do Vital e de outros tantos negros velhos daquela localidade. Trabalhamos em várias estâncias em vários lugares de Lavras do Sul.

Sempre fomos conhecidos como agricultores que plantam milho, feijão, batata-doce e que fazem as delícias como as cucas da Tia Erô e a marmelada da Tia José. E todo mundo sabe que cada um de nós tem meia dúzia de animais bovinos conforme o costume da região. E quando buscamos o reconhecimento enquanto comunidade quilombola foi pra revalorizar a nossa cultura, a nossa história e pra vencer a dificuldade de inserção nas políticas públicas da agricultura familiar.

Mas no Brasil a mídia só mostra as coisas ruins que acontece e as pessoas ficam com uma imagem equivocada das comunidades quilombolas. Tem gente que acham que nós estamos vivendo em conflito pela terra com as demais propriedades aqui da nossa volta e que os Quilombolas dos Munhos querem mais de mil hectares de terras (boatos de cidade pequena). Quando na verdade temos já há muitos anos consolidada a posse das áreas que estamos e o que pode acontecer é uma regularização documental das mesmas.

Nossos desafios é neste pedaço de terra, gerar renda para as famílias, conseguir uma estrada de qualidade para transportar pessoas, produtos e serviços, ter acesso a uma água de melhor qualidade para consumo humano (que apesar dos vários projetos, ainda não conseguimos concretizar) e construir habitações com melhor salubridade e habitabilidade.

Quanto ao conflito de terra não há, só há um conflito cognitivo na mente de algumas pessoas que não conhecem a sua realidade e vivem a partir do que é mostrado no Jornal Nacional ou no Jornal do Almoço. Temos que pensar a partir do local, valorizando as pessoas que estão ou que querem viver no meio rural, estas independente de serem quilombolas, agricultores ou pecuaristas precisam ser incentivadas e apoiadas, independente de serem muitas ou poucas famílias. Mas o assunto das necessidades diferentes e do número de famílias fica pra outro momento.

Amilton Camargo
Coordenador da Comunidade Quilombola Corredor dos Munhos